Ao invés de progredirmos, parece que estamos andando para trás.
Correntes que nem deveriam ter existido, ainda existem.
E elas são reforçadas diariamente.
Me incomodo por ver tanta injustiça, mas é cômodo pra eu falar, na minha posição, no meu privilégio. Ver me incomoda. Mas e ser forçado a ver, sentir, viver e não ter a quem recorrer? A empatia podia mudar a visão das pessoas, mas ao contrário de enxergar o lado do outro, o outro é forçado a enxergar e se calar. Mas não vão calar!
Ouço relatos de situações que com certeza não aconteceriam comigo. Por que pessoas sofrem por simplesmente terem a pele diferente? Por que nós precisamos aprender que racismo é errado? Porque é cultural ser educado com ódio. E com ódio vem minha inspiração pra responder, de alguma forma, o que é empurrado diariamente. O ódio é recorrente.
“E o contexto?”. É pesado, mas tentam fazer parecer leve. Encontrei na fotografia um jeito de falar, por perceber que muitas pessoas não estão abertas a conversar. São coisas tão óbvias, mas rebatidas com argumentos vazios... cheios de ódio. O senso de justiça corrompido. Defendem bons costumes, mas costumam desejar a morte. As palavras pesam, mas a consciência não.
“Mas ele nem é tão preto”... A mania de tentar pintar um padrão. E a mania de tentar pintar um patrão? O preconceito está enraizado, nos ensinam quem serve e quem deve ser servido. Não sei como aprendi isso, mas tive que aprender que é errado. Vivemos uma cultura deturpada. Tudo isso que escrevo, me serve de autocrítica. Diariamente procuro meus erros e, infelizmente, sempre estão lá. Às vezes sutil. Sutil pra quem?
O preconceito é recorrente, mas enquanto houver injustiça, os punhos continuarão erguidos. Estudar para este projeto me mostrou que ainda tenho muito a aprender, mas concluo satisfeito com a visão que me deu, que vou continuar buscando melhorar a cada dia. E se alguém tiver que me corrigir, por favor, faça. Como disse, é cômodo pra eu falar dentro do meu privilégio.
Cuidei para que cada foto tivesse a aprovação do Nicolas Colaço, que agradeço por ter confiado em mim e permitir colocar minha linguagem nessa revolta.
A produção é minha, mas a voz é sua.